sexta-feira, agosto 13, 2010

Pequenas coisas

Muitos de nós (incluindo eu) passamos uma fase da vida a questionar a nós mesmos coisas como "Qual é o meu propósito aqui? Nem valia a pena cá estar, não faria diferença, pois nunca fiz nada grande"...
Bem, acho que ninguém se importava de ganhar um Prémio Nobel, visto ser um prémio de grande reconhecimento, significava que tínhamos chegado onde mais ninguém chegou numa área cientifica ou literária e tínhamos feito a diferença para o mundo, além de que receber 10 milhões de euros deve ser bastante reconfortante.
Contudo, tenho-me apercebido de um pormenor! Por ano são atribuídos 5 prémios Nobeis, 5 em 6 mil milhões de pessoas! 5 é nada no esquema das coisas. Mas não se preocupem, o que percebi foi que a verdadeira essência do que somos não está nas coisas grandes; está nos pequenos gestos que temos no quotidiano. Não somos grandes por dizer a alguém "Eu amo-te" durante o namoro e depois de casar querer tudo menos passar tempo com essa pessoa. Para mim, grandes são aqueles casais de velhinhos que passeiam na rua de mão dada. Não são grandes aqueles que mimam os filhos com tudo de bom e do melhor e se esquecem de lhes dar amor. Grandes são aqueles que dão o que têm e o que não têm para ver os filhos felizes. Seria um orgulho para mim um dia chegar ao prémio Nobel, não o nego. Mas nem espero alcançar isso. Por outro lado, nunca me perdoaria se não for grande nos pequenos gestos.

5 comentários:

Luciana Ferreira disse...

A verdade é que é muito mais dificil fazer bem e continuadamente pequenas coisas, que uma grande coisa na vida.

Outro dia eu vi um casal de velhinhos de mãos dadas pelas ruas, era tão fofo e todos olhavam, pois é coisa rara...Imaginei que seria um jovem casal de velhos. Por que é tão dificil continuar a amar e a respeitar por tantos anos?Não sei...

José Oliveira disse...

Uma boa questão! Eu às vezes começo a imaginar-me com alguém a longo prazo e tenho quase a certeza que iria falhar ao fim de algum tempo, porque tenho um defeito enorme. Eu gosto de estar sempre a descobrir truques, pormenores, etc....e quando já descobri tudo de um determinado tópico farto-me dele...na verdade farto-me de tudo com rapidez...

porque é que passamos a vida a conhecer uma pessoa, nos primeiros tempos essa pessoa é: "Woww, nunca conheci ninguém como tu, és simplesmente fabulastico"...e passado uns tempos: "Ah, não é assim tão fantástico isso que fazes..acabei de conhecer um fulano que faz bem melhor"....e assim sucessivamente. Deve estar na nossa natureza este carácter de nos fazer cansar de fazer a mesma coisa, talvez para permitir evolução, para que não sejamos uns totós que só sabem fazer uma coisa na vida; há algo, pelo menos em mim, que me obriga a correr montes e vales à procura de coisas novas. Tenho pena que o amor não seja uma excepção para a humanidade a este nivel, visto que em tudo na vida à Excepções.
Esta é mais uma das razões para não querer entrar numa relação séria! Conhecendo-me como me conheço, era muito mau estar a dizer a alguém "amo-te e quero ficar contigo para o resto da vida" e depois cair no erro de querer descobrir mais.
Tenho imenso medo disto em mim!

Luciana Ferreira disse...

Isso é triste...Mas temo ser verdadeiro. Por que não podemos simplesmente saber que todas as pessoas tem defeitos, erram, são irritantes, mas que algumas tem qualidades que podem nos encantar mais e valorizarmos tais qualidades para o resto de nossas vidas, visto que as outras pessoas não terão algo de tão mais extraordinário a nos oferecer? Por que não podemos amar de olhos abertos e continuarmos a amar?

José Oliveira disse...

às vezes acho que catalogo um pouco as pessoas porque penso: "eii, eu não ia conseguir aguentar aquele traço da personalidade de fulana durante muito tempo" e não sei que mais...e pronto, acho que todos fazemos isso E AINDA BEM, porque só à espaço para uma pessoa verdadeiramente especial =D..

Eu acho que encontrei a pessoa verdadeiramente especial...às vezes acho que me precipito nestas coisas, mas que eu seja impossibilitado de conduzir carros se não conheci a rapariga que me faz pensar: "De onde vem tanta perfeição? Mesmo apesar de não gostar desta ou daquela atitude, tudo o resto é tão perfeito e puro que dá vontade de dividir a vida com ela"...posso ver de qualquer ângulo que só encontro coisas que me agradam....seria eu capaz de sentir isto para o resto da vida? Provavelmente desta forma não, mas é uma pessoa tão dinâmica e com ideias tão inovadores que acho que também não me ia cansar dela...
o que é que me irrita no meio disto tudo? saber que nunca a vou ter! Paciência, ao menos fico com a minha veia literária mais estimulada, e no geral as minhas actividades correm bem...

às vezes acho que também vejo pessoas que se encontram de tal forma carentes que se envolvem com o primeiro que lhes der um pouco de atenção...e não as repudio por isso, é aceitavel do ponto de vista que todos gostamos de ouvir uns carinhos, sobretudo qd só levamos couços. O pior é que passado um tempo, quando essas pessoas já estão mais equilibradas, aí sim aparece "o tal", o perfeito...e depois, que é que se vai fazer? Terminar com aquele que esteve lá quando mais precisamos? Ou viver com ele apesar de amar outra pessoa? Acho que muita gente também se prende aí...
uma vez mais, tenho vantagem por ser totalmente frio com a maior parte das pessoas e nem permitir que se aproximem muito =P (afinal de contas encontro vantagens em ser miserável XD)....

Sabes de que é que nós precisavamos LU? Era passar todos um ano sem ser amados...todos, sem excepção...para mim, quando não funciona da maneira boa, passa-se à terapia de choque...talvez aí abrissem os olhos..ou pelo menos, quem sentisse falta desse sentimento poderia criá-lo e tratá-lo como se trata um jardim....quem não sentisse a sua falta, seguisse a sua vida sem estragar a dos outros.
É óbvio que isto nunca iria funcionar..na verdade, nada funciona...acho que daqui a várias gerações, vamos todos repudiar-nos por nunca termos aproveitado o maior tesouro que temos...mas se olharmos ao passado já evoluimos qualquer coisa...Já não se fazem (ou sao muito raros) os casamentos arranjados, com fim de negócios e etc...as mentes eram demasiado fechadas, mas também, agora dá a sensaçao que abriram demais...

Não sei mais que diga...nunca vou perceber a mecânica do amor !

Luciana Ferreira disse...

Zé!
Como é difícil esse assunto, não temos mmuitas respostas, só ideais...Como passar um ano ou mais sem se interessar, nem que seja platônicamente por alguém? Não sei...Talvez eu seja romântica demais, por que há pessoas que não se apaixonam nunca, que apenas vivem os momentos, usam os outros e preenchem tudo com os prazeres efêmeros.

Acho que nós idealizamos muito o amor, sonhamos com a pessoa certa, amor eterno, relacionamento perfeito.Desejo muito que seja possível.

Acho que nós, que refletimos sobre essas questões, estamos sentindo e percebendo algo que está em crescimento neste novo século, nessa nova maneira de viver a vida, que é o descontentamento com o mundo e com as relações, uma busca pela valorização das relações, o sentimento de solidão e de efemeridade da vida.Não são todos que pecebem isso, mas todos sentem.

Agora, se você pensa que encontrou essa pessoa que possa preencher um pouco seus ideais, talvez valha a pena ir em frente. É difícil definir se uma pessoa é "a pessoa", tão racionalmente, mas se há chances, o que nos impede de investir? Sofrimento? Dor? Sim, mas isso é a vida. Temos duas escolhas: Desistir do que nos é mais fundamental, a busca pelos nossos ideais, ou meter a cara se arranhando, se estrepando, mas sem medo de encontrar, por que encontrar o que se busca, às vezes, é também muito assustador...

Beijos!